Meu caro Dr. Ernesto,
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Estando a escassos cinco dias das Eleições Autárquicas, caminhamos a passos largos para o fim do nosso mandato de quatro anos na Assembleia de Freguesia de São Martinho do Porto.
No próximo dia 11 de Outubro, a população é mais uma vez chamada a deixar o seu voto nas urnas. É assim que vai desenhando o seu futuro e escolhendo quem, no seu entender, melhor reunirá condições para gerir os destinos do nosso país, e neste caso em particular, os destinas da nossa Freguesia.
Não sei em quem recairá a escolha desta vez, nem isso é importante, pois seja ela qual for, a escolha do povo será soberana. O futuro será aquilo que a população de São Martinho do Porto quiser que seja. Para o bem e para o mal.
Não sou daqueles que dizem que a voz do povo tem sempre razão. Infelizmente, a história tem-nos mostrado que muitas das escolhas são desastrosas e deixam as suas autarquias hipotecadas para os vindouros.
Em São Martinho tivemos esse exemplo e não fora estes quatro anos que ora findam e os próximos estariam irremediavelmente condenados a uma falência absoluta.
Não vou fazer o balanço do nosso mandato pois tivemos oportunidade de o fazer em Assembleia de Freguesia, e o Ernesto transcreveu-o já para este seu espaço. No entanto, não posso deixar passar em claro o muito que se fez e que foi importante e decisivo para que hoje a nossa Freguesia possa encarar o futuro com esperança e com a certeza de que a vida pública se normalizou, entrando no caminho da legalidade.
Infelizmente, a ignorância ou a cegueira política de alguns leva-os a não reconhecer o esforço e o trabalho por nós desenvolvido. O futuro se encarregará de demonstrar quão importante ele foi.
Quero deixar-lhe expresso publicamente, o meu agradecimento pela liderança que imprimiu ao nosso grupo de trabalho, e dizer-lhe que foi uma honra ter trabalhado todos estes anos, consigo e com os nossos companheiros, todos debaixo de fortes pressões, denúncias, correcções e dificuldades. Todas elas nós ultrapassámos de forma firme e rigorosa.
Àqueles que têm dificuldade em encontrar a verdade no que afirmo, deixo-lhes o conselho para uma leitura exaustiva das actas das muitas Assembleias de Freguesia pois elas espelham bem o nosso trabalho. Grande parte das propostas do executivo foram alteradas, corrigidas ou rejeitadas, e das que foram aprovadas, em muitas votámos contra, não por sermos oposição, mas sim porque entendemos que não serviriam ou seriam lesivos para a Freguesia. E sempre deixámos expressa a razão do sentido do nosso voto. Por outro lado, a grande maioria das propostas que fizemos foram aprovadas e isso diz bem do papel que desempenhámos, desde logo porque a partir de certa altura do mandato, o estatuto de oposição foi reconhecido e o executivo reconheceu que as nossas intenções eram construtivas, passando desde aí a preparar conjuntamente o futuro da nossa Vila.
Quis o destino, que os nossos caminhos políticos se desviassem, e por isso nas próximas eleições não estarei envolvido em nenhuma campanha política. A militância política não é para todos mas sim para aqueles que, ideologicamente se sentem motivados e mobilizados para dar a cara por partidos políticos e têm a coragem de o assumir. Por isso, e só por isso, não o acompanharei nesta nova campanha que se afigura dura mas que chegará a bom porto.
Sempre tive consciência de que eu era um dos poucos militantes políticos (PS) do nosso grupo, e que o cenário que ora se depara seria possível, se as indefinições partidárias se mantivessem até ao momento das decisões, o que veio a acontecer.
Com muita pena minha, a situação foi incontrolável, e embora me custe vê-lo, a si e à maioria dos nossos companheiros de luta, com uma nova camisola vestida, sei que a importância e a continuidade do nosso trabalho é não só fundamental mas sobretudo vital para que o garante da legalidade seja uma garantia. Até porque acima dos partidos políticos, nós sempre vestimos a camisola de São Martinho do Porto e por cima dessa que agora vestem, estará sempre a da nossa Vila, como sei que está.
Eu, tenho a minha missão cumprida, sinto-me de consciência bem tranquila e creio chegada a hora da retirada e do descanso. Levo comigo a certeza de que sempre defendi os interesses da terra, e das Instituições em que me envolvi. Não fui brilhante mas fui esforçado e não deixei nem dívidas nem o futuro comprometido a ninguém.
Finalmente, quero desejar-lhe as maiores felicidades, quer no campo político quer na sua vida particular, mas sobretudo dizer-lhe: MUITO OBRIGADO PELO MUITO QUE FIZEMOS POR E PARA SÃO MARTINHO DO PORTO.
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Que Deus proteja e ajude São Martinho do Porto.
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António Inglês