Quando as suas artes de pesca do polvo ficaram presas, há um mês, João Caçoila estava longe de imaginar o 'tesouro' que viria a descobrir. Cansado das viagens a alto-mar nas quais tentou, vezes sem conta, puxar sem sucesso as redes, o pescador de S. Martinho do Porto (concelho de Alcobaça) pediu a ajuda de um amigo, anteontem. O barco, mais potente e equipado com um guincho de grandes dimensões, revelou, pouco depois, uma âncora. Apesar de grande, a embarcação não conseguiu içá-la (terá cerca de 200 quilos) para fora de água. Foi, por isso, arrastada até ao cais onde, ontem à tarde, foi puxada para terra com a ajuda de um guindaste do Clube Náutico.
Os vários pescadores que ali se reuniram concluíram, rapidamente, que se tratava de uma âncora centenária. "É capaz de ter mais de 300 anos", arriscava João Caçoila, visivelmente satisfeito com a descoberta.
O caso foi comunicado à Capitania do Porto da Nazaré. O comandante, Pais Neto, explicou ao JN já ter dado conta do achado ao Museu da Marinha. Ontem, elementos da Capitania fotografaram a âncora e vão, numa primeira fase, enviar essas imagens ao museu. Os técnicos desse organismo vão, depois, classificar o achado e datá-lo. Se se tratar de um tipo de âncora invulgar será integrada no espólio daquele museu. Caso contrário, poderá reverter para o município.
Era isso que o pescador gostaria. João Caçoila defende que "a âncora devia vir para a freguesia e ser colocada numa das suas principais rotundas". É que, frisa, "esta foi, durante muito tempo, uma terra de pescadores e seria uma bonita homenagem a essa arte".
Pescador há vários anos, João Caçoila, de 49 anos, nunca tinha encontrado no mar qualquer peça arqueológica. Aliás, outros moradores na freguesia explicaram que, até à data, não há notícia de qualquer tipo de achado do género.
Por isso, o aparecimento da âncora foi rapidamente difundido e várias pessoas acorreram ao cais para a observar. Construída em ferro, que se supõe ser do tipo 'almirantado', a âncora terá pertencido a uma embarcação de grandes dimensões. "Antigamente, há uns 300 anos, havia aqui uns barcos muito grandes a que chamavam 'caíques'. Poderá ter pertencido a um deles", afirmou João Caçoila.
Pela forma como está oxidado e corroído o ferro da âncora, os pescadores acreditam que nos útimos anos, esta tenha estado enterrada na areia, debaixo de água. O temporal do mês passado poderá ter alterado as marés e mexido a âncora, que ficou presa nas redes do pescador.
In Jornal de Notícias
In Jornal de Notícias
Sem comentários:
Enviar um comentário