quinta-feira, julho 26, 2007

Golfe: ameaça ou desafio?


No passado mês de Maio o jornal Região de Cister publicou um artigo com o título “Bloco de Esquerda contra golfe”. Não queria acreditar. Tantos anos que S. Martinho esperou por um grande investimento na área do turismo e agora que existe essa possibilidade alguém se mobiliza para lutar contra.
Os argumentos apresentados foram o suposto atentado ao equilíbrio ecológico e ambiental e a alteração de nível de vida e pacatez?!?
Não me parece um bom princípio tomar uma posição tão radical sem conhecer o detalhe do projecto.
Sou o primeiro a opor-me à construção sem regra, à especulação imobiliária, à construção de todo e qualquer metro de solo disponível, situação que se tem verificado nas últimas décadas em S. Martinho do Porto. Mas a solução não pode ser parar no tempo, deixar esta vila ao sabor do vento tornando-se cada vez mais um “dormitório” sem grande actividade económica.
Sem prejuízo de uma evolução de opinião ao conhecer melhor o projecto, parece-me que este projecto pode ser a grande oportunidade de S. Martinho do Porto. Vai criar emprego, vai atrair turistas com um poder de compra elevado, vai ajudar a combater a sazonalidade da actividade turística e, por outro lado, não me parece que vá criar grandes problemas ambientais uma vez que os terrenos onde seria construído não raras vezes fica submerso, não sendo também por isso o argumento da diminuição dos terrenos agrícolas um grande argumento.
Se este projecto não se concretizar S. Martinho passará a ser uma “ilha” parada no tempo. No concelho de Alcobaça fala-se em investimentos destes em Pataias e Vimeiro, no concelho das Caldas na Serra do Bouro e a Nazaré também luta pelo mesmo.
S. Martinho do Porto foi beneficiado pela natureza ao “desenhar-lhe” esta linda baía e complementando-a com serra e campo. Foi beneficiado pelos antepassados que nos deixaram um património fora de série, está na hora de sermos nós a fazer qualquer coisa pela nossa terra.
Vamos lutar para que os detalhes deste projecto sejam públicos mas não matemos à nascença o que poderá ser um benefício para esta terra, e mais importante, não usem S. Martinho nas lutas partidárias.
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Por: Paulo Fonseca

16 comentários:

Ernesto Feliciano disse...

Amigo Paulo,

O golfe em São Martinho será certamente uma mais valia para o turismo da nossa freguesia.

Será concerteza um "motor" para o desenvolvimento económico da freguesia ao longo de todo o ano.

Se associarmos o golfe a hotéis de qualidade, penso que passará por aqui parte da rivitalização do nosso turismo.

Este ano elaborei uma moção de incentivo ao turismo de qualidade, que foi votada em sede de Assembleia de Freguesia.

Lamentavelmente, a posição não foi consensual, levantando-se algumas vozes discordantes na bancada PSD.

Nem nesta questão, primordial para o desenvolvimento da freguesia, houve unanimidade na votação da moção.

Um abraço, e tens sempre a porta aberta neste blog.

Anónimo disse...

Amigo Ernesto,
Tambem tive conhecimento desse artigo e acredite que me arrepiei... como é possivel alegar seja o que for, tendo em vista o desenvolvimento de uma vila?
Concordo plenamente com tudo o que disse, pois além de tudo o mais, trabalhei 30 anos em Turismo e conheço muitissimo bem o "mercado" do golf! Era realmente uma mais valia em muitas vertentes, pois é um tipo de publico que vem durante todo o ano e excepto à noite, "vive" geralmente fora dos hotéis, aumentando assim o consumo a nivel comercial.

A nossa divulgação no estrangeiro é quase nula. A Região de Turismo à qual pertencemos, não promove S.Martinho, sequer com a colocação de uma fotografia nos seus stands.
Fiz durante muitos anos as feiras de Turismo mais importantes no estrangeiro e era um dó, pois S. Martinho... nada. Só no tempo do Grupo Hobai, me deparei com um stand só de S. Martinho e Caldas- Residencial S.Pedro e Concha - na Fitur em Madrid, e acredite que me senti orgulhosa! E para eles surtiu efeito, pois dois operadores turisticos "agarraram bem" e durante alguns anos a Residencial Concha recebeu grupos todas as semanas do ano... Lembra-se?

Temos de apoiar e agarrar seja de que modo for qualquer iniciativa que faça surgir mais Turismo de qualidade. Era realmente excelente um Campo de Golf! Esperemos que venha a ser uma realidade.

Um abraço

Anónimo disse...

Querido amigo, não se vê o comentário do Paulo, só a sua resposta.

Ernesto Feliciano disse...

Amiga Aramis,

Este artigo é do Paulo,

António Inglês disse...

Meu caro amigo Paulo Fonseca.


Em primeiro lugar quero dar-lhe os meus sinceros parabéns, não só pela exposição que faz da noticia, como pela oportunidade da mesma.
Estou inteiramente de acordo consigo quando se mostra indignado com o facto do BE se ter manifestado contra a construção de um campo de golfe em São Martinho do Porto.
Efectivamente, alguns partidos têm na sua génese a oposição sistemática, e passam a vida a encontrar razões para serem do "contra".
Porem, independentemente de eu ser totalmente defensor de um projecto como este, que trará mais desenvolvimento a esta Vila e consequentemente mais emprego, coisa que escasseia por cá, tenho de admitir que, pela sua complexidade, pela dificuldade que os terrenos apresentam e pela dimensão do projecto, que obrigará ao acompanhamento de mais infraestruturas para SMP, nomeadamente nas acessibilidades e saneamento, tenho de admitir dizia eu, que compreendo de alguma forma a preocupação do BE, porque serão realmente de ter em atenção estudos ambientais do local, mas não os acompanho na forma de oposição a deste projecto.
Desde que todas as condições estejam salvaguardadas, e reforço, TODAS, teremos de nos sentir satisfeitos pela dimensão do projecto e tudo o que de bom trará a SMP.
A iniciativa privada, acompanhará seguramente, este desenvolvimento económico-social de São Martinho, mas quererá ver da parte da Câmara a vontade, e não só, de consolidar as condições necessárias para que tal projecto seja um êxito. E é aqui que começam os problemas. Todos nós conhecemos a CMA e a forma como actua, não obstante adivinhar-mos as dificuldades de gestão de todo um Concelho em constante mutação e desenvolvimento. É que todo este projecto necessitará de uma acção concertada entre interesses privados e governamentais.
E o papel da Câmara será ainda mais complexo porque desde logo terá de estar atenta aos projectos apresentados para que tenhamos todos nós a certeza de que o proposto reunirá todas as condições para a implantação de uma infraestrutura turística de qualidade que é fundamentalmente aquilo de que necessitamos nesta Vila. Mais um que não reúna estas condições, claramente NÃO.
Quanto ao projecto, que este seja a mola de arranque para que São Martinho do Porto definitivamente se afirme no panorama turístico nacional e até internacional, atendendo ao extracto social a que se destina um empreendimento desta natureza e porque as suas condições geográficas e ambientais assim o merecem.
Um abraço.
José Gonçalves

aramis disse...

Novo "post" no aramis-cavalgada.

Cipriano Simão disse...

Caro Paulo Fonseca

Nunca fui a favor de campos de golfe porque sempre me pareceram "ilhas" nos meios onde foram implantados, trazendo, às vezes, muito pouco em termos de benefício para os locais: o número de empregos criados é relativamente baixo para o valor do empreendimento e a especulação imobiliária que o rodeia não age em favor da população local, pois faz subir os preços de forma proibitiva para o uso da propriedade para primeira habitação.
Contudo, não posso deixar de apoiar um empreendimento desses na nossa região, pela carência de actividades económicas permanentes que aqui registamos.
Para que sejam minimizadas as questões negativas que tal empreendimento acarreta, há que ter toda a atenção, como escreve José Gonçalves, na fiscalização da qualidade dos investimentos e na criação de condições para que mais actividades satélites e complementares possam surgir em redor do campo de golfe e que este não se constitua apenas na tal "ilha", separada do resto da vida da população.
Não é tudo bom o que aí vem.
Mas, de facto, não podemos continuar parados e alguma coisa tem de ser feita.
Permanecer atentos, é nossa obrigação.

Um abraço
Cipriano Simão

Maningue disse...

Quem se coloca nesta posição "...contra golfe" não vive a realidade dos jovens de s. martinho que terminam os seus cursos Educação e Formação em Hotelaria/Restauração ou os seus cursos Profissionais e até mesmo Licenciaturas em Hotelaria, e que se vêem obrigados a fugir para o Algarve ou até mesmo para Londres, como acontece, à procura da possibilidade do seu 1º Emprego.
Na minha opinião o pessoal do "Bloco de Esquerda" tanto quer fazer e mostrar que acaba por cair no ridiculo, não olhando para as populações, como tanto pregam, mas para interesses mesquinhos que existiram em tempos no chamado "Tempo do Bidé das Marquesas". Porque a ser real a afirmação " alteração de nível de vida e pacatez" faz-me arrepiar e pensar no tempo do outro Senhor, em que ninguém queria que S. Martinho evoluisse pois a sua vida calma de estância de férias, em que as pessoas da Vila eram as suas criadas, poderia permitir às familias de Nome, disfrutar, por e dispôr em S. Martinho a seu belo prazer.
S. Martinho e o futuro dos seus jovens precisa desta inovação, porque senão estes gastos em requalificação não serviram de nada, será como nadar, nadar e morrer na praia.
Considero as afirmações proveridas, e posições do Bloco de Esquerda, algo surreal, e de muito mau gosto, demonstrando um desesprezo enorme por quem aqui vive há muitos anos e que se tem visto sucessivamente esquecido no tempo...Concerteza não serei um dos que irá disfrutar do campo de golfe mas quem sabe se os meus filhos não o farão???

Anónimo disse...

Caros amigos,

obrigado pelos comentários ao meu post.
Pelos vistos estamos todos de acordo nesta questão. Todos concordamos da importância que um projecto destes pode ter, todos entendemos que essa importância não se deve sobrepor a outras questões como o caso das ambientais, arquitectónicas, etc e por fim acho que também é ponte assente para todos que o golfe por si só não é suficiente mas pode ser a “ignição” para um processo de desenvolvimento do turismo de qualidade em S. Martinho do Porto. Sabendo nós que para haver investimento é preciso haver confiança, um projecto desta dimensão traria o nível de confiança para valores nunca verificados nesta vila.

Um abraço
Paulo Fonseca

António Inglês disse...

Meus amigos

Li atentamente todos os comentários que foram feitos ao tema e um deles me saltou à vista, o do nosso amigo pirata.
Vejo que é um atento defensor da nossa juventude, da juventude de São Martinho do Porto, e ainda bem.
Pena foi que não o tenhamos visto pela Tertúlia de Bem Dizer que no passado dia 20 deste mês de Julho se realizou no Café Bohémia na marginal da Vila, pois o tema era exactamente esse, a juventude de SMP e o seu futuro.
Ou será que lá esteve e nós não sabemos?
Um abraço
José Gonçalves

Anónimo disse...

Meus caros amigos,
Em primeiro lugar temo desiludi-los quanto às vantagens do Golfe para o desenvolvimento local. Pois infelizmente do que se trata quase sempre, e em especial em Portugal, é de uma mola para a urbanização em áreas ecologicamente sensíveis, onde seria impossível construir de outro modo. A CMA acha que o concelho de Alcobaça tem capacidade para receber 4 projectos de Golfe, acham isso normal? Alcobaça passar de repente a ser um dos concelhos do país com mais "buracos" por quilómetro quadrado? E reparem, se o Golfe fosse assim tão "estruturante" para o desenvolvimento de SMP, porque razão não candidata a CMA um projecto público de Golfe para SMP? Ora o que me parece é que o desenvolvimento local tem de passar por outras "estratégias", entre elas o aproveitarmos o melhor que temos para aquilo que mais pode servir-nos a todos, os nossos filhos incluídos. Criar condomínios privados e privados clubes de elite em locais como os campos agrícolas junto a SMP, socializando os prejuízos e custos ambientais e privatizando os benefícios é algo de que discordo profundamente. Depois temos que ver o que está à nossa volta, por muito que isso nos custe. Repare-se na Nazaré, por exemplo. Deseja fazer uma marina. Muito bem. Porque isso lhe trará desenvolvimento. Muito bem. Agora veja-se SMP que tem já uma marina natural. Porque é que não se criam melhores condições de ancoragem para barcos de recreio, aproveitando as potencialidades naturais existentes? Porque não se investe num Clube de Recreio Náutico? Porque é que não se abre a possibiolidade de intalar um casino em SMP? E já agora, se o Golfe até for viável para SMP (no que partilho inteiramente da opinião do José Gonçalves de que isso dependerá sobretudo da qualidade do projecto apresentado), porque razão aprova a CMA mais três campos de golfe no concelho? Será para criar concorrência ao Golfe de SMP? Não sejamos líricos! Eu ainda não vi nenhum estudo de mercado que justificasse a procura de tanto Golfe! Quantos praticantes de Golfe há na região? E se o Golfe for só para estrangeiros, acham que os estrangeiros vão jogar Golfe para detrás dos prédios quanto têm locais bem perto onde podem olhar directamente o mar enquanto jogam? Eu sei que isto não é fácil de dizer, mas a verdade é que basta olhar para a paisagem de S. Martinho e para o local onde está previsto o projecto para se perceber isto.

Espero que não me levem a mal, pois eu guardo na memória as melhores recordações dessa bela vila onde ia passar férias na infância. Gosto muito de S. Martinho do Porto. E até, devo dizê-lo, já gostei um pouco mais...

Um abraço amigo,

Valdemar Rodrigues

http://ambialcobaca.blogspot.com

Ernesto Feliciano disse...

Caro Valdemar,

Agradeço o seu comentário, e a sua opinião sobre o assunto.
O diálogo e a troca de opiniões são extremamente positivas na discussão de qualquer assunto,
principalmente quando existem diferentes opiniões.

Deixe-me apenas tocar num dos pontos que focou, referindo a possibilidade do projecto do golfe, se fosse bom, deveria ser de iniciativa pública.
Discordo totalmente dessa sua opinião.
O golfe a ser realidade, terá que ser forçosamente um projecto privado.
As autarquias, não podem, nem devem envolver-se desse modo neste tipo de iniciativas.

Quando ao local, aguardo a feitura dos respectivos relatórios, bem como do devido estudo de impacto ambiental.

Defendo que São Martinho precisa de investimento de qualidade para incrementar positivamente o nosso turismo.
O golfe poderá ser uma das alternativas para o arranque do desenvolvimento turístico não só da nossa freguesia como das freguesias adjacentes.

Um abraço, e volte sempre.

Anónimo disse...

Meus caros,

Respeito a opinião de todos e acho mesmo que as opiniões diversas são positivas porque nos fazem reflectir melhor sobre os assuntos. Estou inteiramente de acordo com o Ernesto,
acho que deve ser investimento privado não só porque as autarquias devem ter outras prioridades de investimento mas principalmente porque nestes casos devem ser o garante de que, como diz o amigo Valdemar, não estamos a privatizar os benefícios socializando apenas os prejuízos. O caro Valdemar fala também na Nazaré, foi precisamente do presidente da câmara da Nazaré que eu li a frase que identifica a minha posição sobre este assunto: golfe sim se for um motor de desenvolvimento, não se for mais uma actividade de especulação imobiliária.

Obrigado pelos contributos para esta discussão

Paulo Fonseca

Maningue disse...

Caro José Gonçalves
Conforme escrevi no meu comentário sobre a tertúlia, efectivamente por motivos pessoais não pude estar presente na mesma, quem sabe talvez na próxima.
Tenho conhecimento da realidade da nossa Vila pois aqui cresci e vivo há já alguns anos e senti e ainda sinto na "pele" como é ser jovem em S. Martinho do Porto, vi amigos meus partirem desta mesma Vila por falta de emprego embora aqui regressem em férias ou numa escapadinha de fim de semana para matar saudades. Eu próprio tive de me ausentar para outras paragens para procurar trabalho, se eu poder ajudar a que isto se possa inverter concerteza que participarei.

António Inglês disse...

Meu caro pirata

Seja bem vindo a esta próxima e a todas as outras Tertúlias que conseguir-mos fazer nesta lindíssima terra.
Não sou de cá, mas vivo os problemas da terra como os demais, como já deve ter reparado.
A sua colaboração é seguramente importante por ser de cá natural e conhecer as dificuldades que os jovens enfrentam quando se começam a descobrir.
Provavelmente em Agosto não se irá realizar nenhuma Tertúlia pela dificuldade de local para a mesma.
Por um lado ficamos um pouco tristes, por outro achamos que ainda bem porque é sinal que os nossos comerciantes têm os seus cafés comerciais cheias.
Retomaremos em Setembro.
Um abraço e contamos com a sua colaboração, sempre.
José Gonçalves

António Inglês disse...

Caro pirata

Emendo a informação que lhe dei anteriormente.
Afinal encontrámos local para a 2ª sessão da Tertúlia, por isso remeto-o aqui para o blog do Ernesto onde tem a publicidade ao evento.
Um abraço e esperamos tê-lo por lá
José Gonçalves