"Há salas muito frias e com muita humidade, situação que dura há anos, por não haver aquecimento"
. A situação atinge a Escola Secundária Francisco Rodrigues Lobo, em Leiria, a exemplo do que acontece noutras do distrito de Leiria.
Cristina Freitas, presidente do Conselho Executivo daquele estabelecimento de ensino confirma, assim, o 'alerta' do Sindicato de Professores da Região Centro, que, através de um levantamento nas escolas do distrito constatou "situações precárias" em alguns estabelecimentos de ensino, no que toca ao frio. Sobre a Francisco Rodrigues Lobo, aponta a "falta de um sistema de aquecimento".
"Não temos e há salas onde chove. Damos aulas com vários casacos e a humidade é outro problema", frisa ao Diário de Leiria Cristina Freitas, docente naquela escola leiriense, mostrando-se, contudo, esperançada que a situação sofra um revés, com as obras que estão previstas, ao abrigo de um programa governamental. Segundo aquela responsável, os trabalhos de reabilitação estão previstos para durante um ano lectivo, com início no terceiro período do corrente ano, e prevêem a reestruturação total de um dos edifícios. O mesmo está previsto acontecer na Secundária Domingos Sequeira, também em Leiria.
Ainda no concelho leiriense, o mesmo sindicato verificou que, "apesar de haver aquecimento instalado" na Escola Básica de Santa Catarina da Serra, "este funciona de manhã, pelo que, à tarde, há salas muito frias".
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“Super deficiente”
Por sua vez, na escola básica Justo Ramos e na secundária de Mira d'Aire, em Porto de Mós, o sindicato alerta para a existência de aquecedores a óleo, "o que é manifestamente insuficiente".
"Super deficiente" é como classifica a climatização daquela escola secundária o presidente do Conselho Executivo. João José disse ao nosso jornal que a situação tem vindo a ser melhorada, mas há oito anos que o docente alertou a Direcção Regional de Educação do Centro para o problema. "Deram prioridade às escolas mais a Norte do distrito, mas no nosso caso, face à localização, temos um horários solares muito reduzidos", frisa o docente. "Temos quase todas as salas de aula viradas para Poente, logo, são mais frias, mas já quase não usamos aquecedores a óleo, mas sim termocumuladores".
Aquele sistema, por forma a ser mais económico, dado as contenções orçamentais da escola, só funciona de noite, período em que acumula calor para libertar durante o dia, o que, no entender do docente João José, "não é suficiente, face ao mau isolamento das salas, e o calor [acumulado] acaba por ser insuficiente", provocando, simultaneamente, "gastos maiores de energia".
"Tirámos a maior parte dos aquecedores a óleo, porque ou estavam estragados ou eram insuficientes", explica o mesmo responsável, justificando a opção pelo outro sistema de aquecimento, na tentativa de "melhorar as condições nas salas de aula" - 17, ao todo. "Conseguimos que o Ministério da Educação fizesse algumas intervenções, a nível de cabulagem eléctrica, de modo a permitir o aquecimento via termocumuladores, mas estamos a pensar fazer um aproveitamento energético, através de um circuito fotovoltáico e/ou com painéis solares, inserido no Project 'eco-escolas'. Pensamos apresentar o projecto ao ministério", conclui Joao José.
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Salas "muitíssimo húmidas e frias"
Ainda segundo os dados disponibilizados pelo Sindicato de Professores da Região Centro (SPRC), o estabelecimento de ensino da Guia, em Pombal, conta com um bloco antigo, "sem aquecimento e onde as condições físicas das salas denotam alguma degradação", apontando que nos jardins-de-infância de Pombal e Meirinhas, "os respectivos quadros eléctricos disparam", porque "não suportam a potência". No jardim-de-infância da Guia, "o quadro dispara quando os aquecedores estão ligados", adianta o sindicato.
No caso da escola básica Padre Franklin e a secundária José Loureiro Botas, em Vieira de Leiria, Marinha Grande, o mesmo levantamento concluiu que as salas são "muitíssimo húmidas e frias", pelo que os aquecedores a óleo são "insuficientes e ineficazes".
O mesmo cenário encontrou o SPRC em Pataias, Alcobaça, onde "a maioria das salas não tem qualquer tipo de aquecimento e, nas que há radiadores a óleo, o aquecimento é insuficiente". Sem aquecimento encontra-se a escola básica de S. Martinho do Porto, Alcobaça, onde, "segundo alguns docentes", os radiadores existentes nas salas mais frias são "insuficientes".
Face àqueles dados e à "inoperância dos governos", o sindicato exige medidas, nomeadamente "a colocação de sistemas de aquecimento onde não existam e a criação de condições para o seu funcionamento". Pretende ainda que as escolas fiquem dotadas de "verbas adequadas e necessárias ao funcionamento dos sistemas de aquecimento", e que sejam "reforçadas a verbas do Orçamento de estado para a resolução destes problemas".
2 comentários:
À mercê dum vento brando
Bailam rosas nos vergeis
E as Marias vão bailando
Enquanto vários Manéis
Nos harmónios vão tocando
A folhagem ressequida
Baila envolvida em poeira
E com a razão perdida
Há quem leve a vida inteira
A bailar com a própria vida
Baila o nome de Jesus
Em milhões de lábios crentes
Em bailado que seduz
E as falenas inocentes
Bailam á roda da luz
Tudo baila, tudo dança
Nosso destino é bailar
E até mesmo a doçe esperança
Dum lindo amor se alcançar
De bailar nunca se cansa
Alfredo Marceneiro
Mal canta o galo,
Ainda o sol não é nado,
Monto a cavalo
E vou p'ra junto do gado.
E os animais,
Essas tais feras bravias,
Com os seus olhos leais,
Parecem dar-me os bons dias.
Pampilho ao alto,
Corpo firme no selim;
Nunca tive um sobressalto
Se um toiro investe p'ra mim.
Já disse um homem
Que foi toureiro afamado:
"Mais marradas dá a fome
Do que um toiro tresmalhado".
Quando anoitece
E o gado dorme p'lo chão,
Rezo uma prece
Por alma dos que lá estão.
P'ra que as searas
Cresçam livres de tormenta
E o mal não mate as pearas
Nem os novilhos de tenta.
Mas quando as cheias
Destroçam pastos e trigo
E há miséria nas aldeias,
Eu vou cantando comigo:
Já disse um homem
Que foi toureiro afamado:
"Mais marradas dá a fome
Do que um toiro tresmalhado".
Carlos Ramos
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