segunda-feira, setembro 14, 2009

Fim de férias sem stress em regressar ao trabalho...


Chegados ao mês de Setembro, acabaram-se as férias para milhares de portugueses. A região Oeste foi escolhida para turistas de vários pontos do país. Na praia de São Martinho do Porto, recolhemos a impressão de duas famílias em final de férias, que não se mostraram stressadas com o regresso ao trabalho.
“As férias sabem sempre a pouco, se desse ficava mais quinze dias”, desabafa José Coelho, marceneiro em Penafiel, em descanso duas semanas com a família – esposa e dois filhos, irmão, cunhada e dois sobrinhos - na praia de São Martinho.
O marceneiro, de 39 anos, que também faz um part-time numa empresa de catering aos fins-de-semana, não se deixa iludir com as férias. “Tem de se trabalhar para ter uma vida mais ou menos estável e estar quinze dias de férias já é muito, não dá para mais”, comenta.
Escolheu ir do Norte do país para a região Oeste e ficou satisfeito com a zona de São Martinho do Porto. “Não conhecia e foi relaxante. Até deu para andar de bicicleta e sair da rotina do dia a dia. Fez-me esquecer um pouco do trabalho, mas volta e meia vêm ao pensamento projectos e ideias novas para aplicar, até por algumas coisas que vou vendo no passeio e fazendo comparações”, refere José Coelho.
“Embora as férias sejam sempre a melhor coisa ao longo de um ano de trabalho e ter férias saiba sempre bem, o trabalho faz parte da vida e com esta crise não dá para mais”, aponta.
Desde há cinco anos que consegue tirar férias. “Acho que aproveito bem estes quinze dias. Geralmente não tenho nem sábados, nem domingos nem feriados. De vez em quando consigo ter uma folga”, confessa.
O marceneiro reconhece que o regresso ao quotidiano “vai custar um bocadinho”. “Uma pessoa habituou-se a este ritmo de descanso, sem horas marcadas. Se saísse o Euromilhões era a vida que tinha”, graceja.
No regresso a casa a primeira preocupação é “pôr a casa em ordem, fazer as compras dos livros escolares para os filhos, fazer um curso de computadores de 25 horas e ver como está a situação na empresa”.
“Tem de se voltar a entrar na engrenagem da fábrica e colocá-la no ritmo em que estava”, indica José Coelho, que é sócio da empresa Móveis Calçada, Lda, uma sociedade assegurada por dez irmãos. “A empresa era do meu pai, que faleceu com diabetes e 14 filhos - sete rapazes e sete raparigas – tomaram conta. Quatro saíram por motivos de saúde e outros. Cada qual executa a sua função e temos mais cinco empregados. Eu estou na parte de produção e durante as férias o encarregado-geral, um irmão, substitui-me”, conta.
“Mesmo nas férias estive sempre com o telemóvel ligado, para ser informado de alguma coisa sobre a fábrica. Dantes desligava-me um pouco do trabalho, mas agora há sempre indicações a dar”, declara José Coelho, adiantando que “quem está na fábrica evita ao máximo ligar-me porque sabe que estou de férias”.
O marceneiro conta com o apoio dos irmãos para ter umas férias descansadas. “Eles sabem que é preciso recarregar as baterias, para voltar com vontade e cheio de força ao trabalho. Não é muito tempo de férias mas é uma boa opção para aliviar um bocado a cabeça e o stress”, sublinha.
José Coelho admite, no entanto, que “já houve férias em que na altura de ir embora é que estavam a ser muito boas e nesses casos deixa pena, mas há coisas que já estão marcadas e não se pode falhar com os clientes”.

“Não vale a pena criar angústias"
Margarida Rodrigues, 35 anos, professora do ensino secundário em Abrantes, é uma habitual frequentadora de São Martinho do Porto, uma das raras praias sem ondas na região Oeste, devido à baía, e propícia a férias em família. “É uma praia fantástica para as crianças andarem à vontade. Tenho uma menina de oito anos e um rapaz de quatro. Estou aqui com eles e com primos e amigos. O meu marido teve de regressar mais cedo por causa do trabalho”, descreve.
A veraneante conseguiu desfrutar de cerca de um mês de férias e reconhece que “não me incomoda nada voltar outra vez a trabalhar”.
“Um mês de praia para mim é mais do que o suficiente. Nem estou angustiada nem ansiosa para voltar a trabalhar. Não vale a pena criar angústias com o regressar à rotina do dia a dia. É algo com que temos de saber lidar, ainda para mais fazendo aquilo que se gosta não é um bicho de sete cabeças”, justifica.
“Se não fosse na praia não me importava de ficar mais tempo de férias. Confesso que até já estou um bocadinho farta de praia, mas é mais pelas crianças. Agora noutro sítio qualquer não me incomodava nada continuar de férias”, sustenta.
“Já houve dois anos em que não consegui ter férias e quando só tinha quinze dias confesso que gostava de permanecer mais um bocadinho”, acrescenta. “Quando se tem apenas quinze dias, a primeira semana passa-se a habituar a uma nova rotina, não são propriamente férias. Depois, na segunda semana já nos sentimos de férias mas acabam num instante”, comenta.
Professora de Matemática, Física e Química, as suas funções actuais não passam pela docência num estabelecimento de ensino mas sim por dar explicações. “Deste modo também não tenho aquela angústia de saber onde se fica colocado, como acontece à maior parte dos docentes”, refere.
Margarida Rodrigues confessa que sente, tal como as crianças, “alguma saudade de casa”. As primeiras coisas que ia fazer quando regressasse era “arrumar as roupas, pôr tudo no sítio, preparar o início escolar das crianças e também fazer uma preparação prévia dos exercícios que vou dar no trabalho”.
Durante as férias não pensou no trabalho. “Não faço qualquer planeamento”, assegura, reconhecendo no entanto que levou consigo o computador portátil “só para ir vendo os e-mails todos os dias, não para escrever exercícios”.

In www.oesteonline.pt

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