quarta-feira, novembro 29, 2006


EQUIVOCOS

Na passada quinta feira, dia 9 de Novembro de 2006, foi levada a efeito uma vigília em forma de protesto, pela intenção há muito anunciada pelo Conselho de Administração dos CTT no sentido de encerrar algumas das suas estações, promovida pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações.
Para este efeito, os representantes daquele Sindicato, passaram o dia de quinta feira em mobilização da população, convocando-a desta forma a juntar-se à luta dos trabalhadores para que esta causa, justa, venha a ter maior visibilidade e maior peso no recuo da decisão que a Administração dos CTT pretende concretizar.
Esta entidade, que presta um serviço público ás populações do maior relevo e importância, tem efectivamente de há três ou quatro anos a esta parte, mostrado o interesse em transferir a gestão de algumas das Estações dos CTT, tendo para o efeito endereçado em primeiro lugar, o convite aos diversos funcionários que nelas trabalham, sugerindo também a sua disposição em transferir quer para as Juntas de Freguesia, quer para terceiros, essa mesma gestão, caso esses mesmos trabalhadores não manifestem interesse na proposta.
Estas mudanças a concretizarem-se, virão seguramente a lesar fortemente as populações que servem, e da mesma forma a penalizar os seus trabalhadores.
Foi assim que parte da população respondeu à chamada e ás 20 horas, concentrou-se em frente da porta principal da Estação dos CTT de S. Martinho do Porto, juntando a voz do seu protesto à dos trabalhadores daquela Instituição.
As características especiais desta Vila, eminentemente turística, que durante os meses de Verão vê aumentar de forma drástica o numero dos seus habitantes, exigem da parte da Administração dos CTT, um tratamento diferenciado e cuidado, tanto mais que esta Estação tem já dezenas de anos de laboração, verificando-se em muitos dos seus dias de labor, filas consideráveis de espera para atendimento.
Este processo, tem sido do conhecimento do executivo da Junta de Freguesia de S. Martinho do Porto, que não obstante ter enviado correspondência ás diversas entidades que no âmbito da sua responsabilidade terão uma palavra a dizer, entrou nos últimos tempos em banho Maria, sem que a mesma Junta tenha feito mais qualquer outra diligência para obstar a que tudo pudesse tomar rumos irreparáveis, nem mesmo tomando a iniciativa de o comunicar à bancada da oposição em Assembleia de Freguesia, como era seu dever e obrigação.
As Juntas de Freguesia são eleitas para em nome das populações que as elegem, gerirem da melhor forma possível os seus destinos, fundamentando essencialmente nas decisões das AF, o sentido das suas decisões, e não para decidirem em regime de patronato os seus mandatos.
E é aqui que começam os equívocos.
O cenário de comício montado pelo actual presidente da Junta de Freguesia, naquele local e aquela hora, lendo um Fax que solicitou à Administração dos CTT, foi puramente demagógico, perigosamente deturpado e politicamente desonesto.
Demagógico porque tentou fazer constar junto da população, que a resposta que aquele FAX continha, afirmava que a Estação dos CTT não encerraria, e que a mesma só foi possível em resultado da sua acção pressionante junto daquela Entidade. Afirmou mesmo o Sr. Presidente que face à resposta, a Estação dos CTT de S. Martinho jamais viria a encerrar porque “ELES” autarcas não o quereriam nem o autorizariam. Recordamos uma sua afirmação de que aquele FAX foi enviado a ele, Comandante Pereira., com tudo o que de demagógico esta frase encerra e pretende insinuar junto da população.
Uma leitura mais atenta do Fax, deixa perceber que a Administração dos CTT não resolveu nem solucionou o problema, antes o adiou. Lá vem expresso claramente que: de momento poderiam as populações ficar descansadas que a Estação não iria encerrar, podendo no entanto num futuro vir a transitar quer para a Junta de Freguesia, quer para um privado desde que houvesse o acordo das autarquias para com esse privado.
Esta foi desde sempre a intenção da Administração dos CTT. Foi e mantem-se. Não há portanto em nosso entender nenhuma alteração às intenções iniciais. Apenas se adiou o que mais tarde ou mais cedo voltará à discussão, se a população não assumir nas suas mãos a postura que deve ter de prevenção e intervenção.
Nenhum autarca, ciente das suas responsabilidades, fará afirmações como as que foram feitas de que a Estação dos CTT não sairá de S. Martinho porque “NÓS” (eles claro) não deixaremos.
Salvo melhor opinião, os mandatos dos autarcas para as freguesias são para quatro anos e a menos que se perpetue o actual elenco do executivo no exercício das suas funções, o que não acreditamos nem desejamos, ninguém assegurará que os futuros executivos venham a ter a mesma atitude ou opinião. Demagogia pura portanto.
Perigosamente deturpado, porque tentou fazer passar para a população que o problema estaria definitivamente encerrado com a solução favorável às pretensões da Terra, o que poderá induzir em erro a opinião publica e dessa forma desmobilizar a atenção que o assunto merece e exige das populações que esta Estação abrange. Perigosamente deturpado porque deixou no ar também a ideia de que fora por sua insistência e pressão que estes resultados teriam sido possíveis. Ora foi esta oposição que, alertada pela população de S. Martinho exigiu ao actual executivo da Junta de S. Martinho, uma reunião com carácter de urgência, a fim de serem tomadas medidas no sentido de exigir ás diversas entidades que têm responsabilidades sobre esta matéria, o não encerramento desta Estação dos CTT, tendo por esse facto existido na noite de quarta feira dia 8 de Novembro 2006 a reunião solicitada, onde expusemos o ponto de vista da Oposição sobre o problema, com a curiosidade de, depois de por nós questionados sobre a sua opinião, os membros do executivo declarado que não tinham ainda nenhuma formada, subscrevendo de imediato as sugestões que na altura apresentámos.
Interessa realçar que tem esta Oposição consciência, de que as acções desencadeadas naquele momento, reforçariam igualmente as posições anteriormente assumidas pela Câmara Municipal de Alcobaça o que desde logo vem pôr à evidência, quantos de nós, Junta, Oposição e Câmara estivemos envolvidos neste processo contrariando assim a imagem que naquela vigília se tentou fazer passar para a população presente no local.
Politicamente desonesto, porque por acordo entre o executivo da Junta e a Oposição, ter ficado decidido que em conjunto seria emitido um comunicado à população com a resposta da Administração dos CTT, (decisão essa que primeiro chegou por outra via que não a escrita), e transmitida à população na referida vigília, tendo até ficado marcada a hora para que o fizéssemos conjuntamente.
Ora não foi isto que se passou. Em vez das 20.00 horas o Sr. Presidente da Junta de S. Martinho chegou ás 21.00 horas passando de imediato à leitura do FAX que lhe fora enviado, mais parecendo um comício de campanha do que aquilo que verdadeiramente ali se vinha tratar.
Entendemos que o momento conturbado que o executivo da Junta atravessa, pelas razões que são já do domínio público, provoque algum desnorte. Percebemos que este executivo precise de estas injecções de estímulo que lhes possa dar algum alento para enfrentarem as horas difíceis que por aí vêm. Somos humanos e compreendemos. Não aceitamos é a politica barata de comício envergonhado, que mais não visou do que tentar credibilizar a imagem de alguma fragilidade que este executivo apresenta neste momento. Nada justifica a deslealdade pelo não cumprimento de um acordo previamente feito.
Momentos bons e menos bons todos temos, mas o que não aceitamos é este tipo de
Demagogia que a ninguém beneficia.
Aliás o desnorte foi tanto, que o “ envergonhado comício “ encerra com um apelo do Sr. Presidente da Junta aos presentes para irem todos para a festa, porque o momento era de festa e tinha havido um MILAGRE DE S. MARTINHO.
Milagres já não existem, fé e coragem acreditam que sim. Os problemas não se resolvem por intervenção divina.
Por tudo isto, apelamos a toda a população de S. Martinho que se mantenha alerta, unida, e em volta dos seus autarcas no sentido de não permitir-mos que mais este atentado possa ser posto em execução contra a nossa Terra. A bem de S. Martinho do Porto.
Por António Inglês

1 comentário:

Ernesto Feliciano disse...

Perder a estação dos CTT é perder um dos alicerces da comunidade.
É uma instituição pública que tem que estar ao serviço de toda a população.
O serviço de correios é na sua totalidade de interesse público, e como tal, um direito universal.
Não acho aceitável, que neste caso, se ceda às preocupações economicistas, em lugar de continuar a prestar um serviço público, como é seu dever.
Ao nosso alcance, ao alcance da população está a luta e o repúdio por esta situação.
Assim o fizemos energicamente em S. Martinho do Porto, e continuaremos atentos ao futuro.